sábado, 26 de abril de 2014

Estimativa da Parasitemia de Plasmodium falciparum: Projeto Experimental de uma Avaliação Externa da Qualidade Nacional (MANSER, Monika et al. 2013).

A malária é uma doença causada por protozoários do gênero Plasmodium, sendo considerada a protozoose de maior impacto no mundo, colocando sob risco aproximadamente 40% da população mundial (cerca de 2,4 bilhões de pessoas), em mais de 100 países (GOMES, et al., 2011).

Situação da Malária no Mundo
A malária distribui-se por extensas regiões tropicais e sub-tropicais, sobretudo nas nações em desenvolvimento e sub-desenvolvimento. O Brasil concentra o maior número de casos no continente americano, estimando a ocorrência de 300.000 casos anuais (FERREIRA et al., 2010). Ocorre, sobretudo, na África, na Região Amazônica da América do Sul e no Sudeste Asiático, sendo que sua maior incidência é no continente africano, mais precisamente ao sul do deserto do Saara (TAUIL, 2006).



Diagrama do ciclo de vida do Plamodium: o agente causador da malária



A malária é uma doença parasitária transmitida de pessoa para pessoa por meio da picada da fêmea do mosquito Anopheles. Há quatro principais espécies do parasita da malária: Plasmodium falciparum, Plasmodium malariae, Plasmodium vivax e Plasmodium ovale. O P. falciparum causa a malária grave, espalha rapidamente pelo corpo, atingindo o cérebro, causando a chamada malária cerebral, podendo levar à morte.



Fonte: http:/www.macalester.edu/academics/environmentalstudies/students/projects/malariawebsite/es.malaria3-devastating%20effects.html

Os sintomas iniciais da malária são semelhantes aos de uma gripe, tornando-se perceptíveis de 9 a 14 dias depois da infecção: febre (ciclos de febre típicos, calafrios e sudorese podem acontecer), dores nas juntas, dores de cabeça, vômitos frequentes, convulsões e coma. 

Diagnóstico

O diagnóstico da malária é feito por meio de um teste rápido ou da busca pelo parasita através de esfregaço de sangue corados em lâminas visualizados em microscópio óptico.

Tratamento


A decisão de como tratar o paciente com malária deve ser precedida de informações sobre os seguintes aspectos:
a) espécie de plasmódio infectante, pela especificidade dos esquemas terapêuticos a serem utilizados; 
b) idade do paciente, pela maior toxicidade para crianças e idosos; 
c) história de exposição anterior à infecção uma vez que indivíduos primo infectados tendem a apresentar formas mais graves da doença; 
d) condições associadas, tais como gravidez e outros problemas de saúde; 

e) gravidade da doença, pela necessidade de hospitalização e de tratamento com esquemas especiais de antimaláricos (Brasil, 2010).


Medidas Preventivas

  • Fazer o uso de repelentes, calças e camisas de manga longa;
  • Evitar o acúmulo de água parada a fim de impedir a ovo posição;
  • Utilizar rede de mosquitos;
  • Manter as janelas fechadas.

    
     Fonte: http://www.euroclinix.com.pt/profilaxia-malaria.html 


Projeto Experimental de uma Avaliação Externa da Qualidade Nacional 

O Projeto de Parasitologia no Sangue UKNEQAS foi estabelecido, em 1986, a fim de melhorar o diagnóstico microscópico de parasitas do sangue, através da análise de esfregaços de sangue a partir de pacientes com infecções parasitárias.


Objetivo do Projeto

Avaliar o desempenho  dos laboratórios na identificação de Plasmodium falciparum e a estimativa do percentual de parasitemia em esfregaço de sangue corados por Giemsa, através do Programa Nacional de Avaliação Externa da Qualidade do Reino Unido (UKNEQAS) Projeto Parasitologia no Sangue.

Metodologia

As amostras foram distribuídas em esfregaços de sangue em lâminas, podendo apresentar qualquer espécie de malária, microfilária ou Tripanossomas africanos (Trypanosoma brucei gambiense e Trypanosoma brucei rhodesiense). Além disso, lâminas de tecido com espécies de Leishmania também foram enviadas. 

Observações:


Antes da distribuição, as amostras de malária foram confirmadas por (PCR) reação em cadeia da polimerase. Além disso, um certo número de lâminas de cada lote também foram verificadas.

Os resultados eram recolhidos e analisados ​​e um relatório completo era disponibilizado a todos os participantes, incluindo análise de desempenho de cada indivíduo e uma folha de ensinamento era fornecida se o mau desempenho fosse identificado ou se um parasita incomum fosse relatado.

Tabela 1: Participação dos países no projeto
Adaptado de MANSER, Monika et al. 2013

Resultados

Entre 4% e 54% (média = 23% e mediana = 21,5%) de participantes não conseguiram estimar a porcentagem de parasitemia;
• Entre 9% e 35% (média = 18% e mediana = 15%) superestimaram o percentual de parasitemia;
• Entre 0% e 25% (média = 6%, mediana = 4%) subestimaram o percentual de parasitemia;
• Entre 0 e 36% (média = 5% e mediana = 2.4) identificaram erroneamente a espécie de malária presente.

Conclusão

O projeto de parasitologia no sangue é de grande importância, pois estima a parasitemia de P. falciparum que é doença agravante que gera várias consequências ao ser humano. Além disso, contribui com o aperfeiçoamento do conhecimento dos participantes que não conseguem estimar a parasitemia, através de relatórios sobre o desempenho e ensinamentos que consequentemente contribuem para melhor desempenho dos analistas.

  • TAUIL, Pedro Luiz. Perspectivas de controle de doenças transmitidas por vetores no Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 39(3):275-277, mai-jun, 2006. Brasília, DF.
  • MANSER, Monika et al. Malaria Journal 2013, 12:428. Estimativa de parasitemia por Plasmodium Falciparum: Projeto experimental de uma avaliação externa da qualidade nacional. Reino Unido, 2013.
  • GOMES, Andréia Patrícia et al. Malária grave por Plasmodium falciparum . Rev. bras. ter.intensiva. 2011, vol.23, n.3, pp 358-369.
  • FERREIRA, Consuelo de Nazareth Paes Lopes. Caracterização epidemiológica da malária no município de Porto Grande no estado do Amapá, com ênfase à distribuição espacial no ano de 2010. Dissertação (mestrado) – Fundação Universidade Federal do Amapá, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. Out, 2012.
  • Brasil, Ministério da Saúde. Guia prático de tratamento da malária no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.